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Filosofia da Terra

Furar o Nevoeiro da Ideologia Burguesa. O Bem, a Verdade e o Belo - Paradigmas Unidos da Vida. Um Olhar e uma Voz Diferentes, Livres, Progressistas e Revolucionárias. Filosofia, Artes, Política, Acontecimentos, Reflexões.

 

 

Não sei se 4.000 milhões de euros em exportações para a Rússia é pouca coisa para a Alemanha. Mas é mais ou menos isso que esta vai perder com as sanções decretadas pelos Estados Unidos e seguidas pela sua amiga ou amante UE. A esse montante vai ter que somar-se as despesas com a importação energética da Rússia e o facto de haver um certo número de empresas alemãs instaladas na Rússia ou que negoceiam com ela. Um óptimo negócio para os EUA, que podem assim exportar mais para a Europa Ocidental, até porque a sua moeda vale muito menos do que o euro. O saldo positivo da balança de pagamentos vai inclinar-se para os EUA e vai ser difícil criar empregos na nossa fiel Europa. Portugal não recebe energia da Rússia mas exporta mais de trezentos milhões de euros e o que acontece no resto da Europa afeta-nos. Espero que este prognóstico não se verifique. Vermos no fim do jogo. 

O João Pinto do Porto é que sabe, não o Cameron, não o Hollande. Nem sei como a Merkel se mete nisto, que era a única com tino até agora.

 

 

No entanto, a maioria do pessoal que anda a comentar na rede (vulgo 'net') concorda, como se gostasse de guerras. E é que gosta mesmo!

Contudo, não vale a pena contra-comentar nesses sítios mal frequentados. É dar oportunidade para gente ignara e malevolente responder dando-lhe a ilusão de que tem cérebro na cabeça. É deixá-los a falar sozinhos, a esses alucinados do povo eleito por Deus, a essa comboiada de cegos mentais. Ouvirão apenas o seu próprio eco e ficarão entretidos a escrever uns aos outros, com insultos, exclamações, falsos factos e sem argumentos, sem ninguém lhes ligar. Nem é preciso apertar-lhes a garganta. Deixá-los a berrar. Eles vão nus. Não vale a pena perder o nosso precioso tempo.

 

 

Todos preocupadinhos com um dano colateral para os liberais-fascistas de Kiev que lançaram a guerra contra os federalistas russófilos, como se fosse um crime que nada tivesse a ver com a origem dessa guerra, mas nadinha preocupados com o massacre de civis na Faixa de Gaza por Israel e com os massacres de cristãos no Norte do Iraque pelos irmãos muçulmanos de Obama do Estado Islâmico ou Califado. 

A gravidade da coisa tem a ver com os olhos de quem a vê. Fascismo, medievalismo, estes retrocessos na civilização são bons desde que o Tio Sam fique satisfeito. Parabéns a todos vocês, ou por serem parolos ou por conseguirem enganar os parolos.

 

O Voo da Malaysia Airlines e a Diabolização de Putin e do Povo Russo 

As cores do avião abatido são iguais, embora, creio, não pela mesma ordem, às da bandeira da Rússia e, suponho, do avião do presidente russo. Dois caças da força aérea da Ucrânia estavam a seguir de perto o avião abatido minutos depois. A Rússia interditou voos civis abaixo do nível 330 por precaução. O avião estava de facto a esse nível. É claro que é sempre arriscado sobrevoar território em guerra. Mas parece que aquela linha é popular por ser a menos cara em direcção à Asia, um negócio que não se pode perder.  
O governo da Ucrânia tem tudo a ganhar com isto e os insurgentes muito a perder. 
 
 
Além do mais, o poder estadunidense e o da União Europeia tem ao seu serviço tecnologia de desinformação e de manipulação das consciências, que está muito acima do que é capaz a cultura eslava. A realidade, no "Ocidente", copia os filmes. A imagem que se tem do "Ocidente" é a do cinema à maneira de Hollywood, dos telediscos e dos festivais de música de massas. A essência do "Ocidente" é a felicidade enquanto festa permanente. A imagem criada dos outros para os ocidentais é a de que esses outros são bárbaros, culturalmente inferiores e que precisam de ser civilizados, mesmo que à força, porque é para seu bem.
Apesar de a força aérea americana já ter abatido aviões civis (Israel e a URSS também, neste caso por confusão com aviões espiões americanos com aspecto intencional, portanto, criminoso, de civis), resultando em centenas de mortos, estes casos norte-americanos e israelitas foram considerados pela comunicação social como erros e por isso desculpados e rapidamente esquecidos. Este caso não, pelos motivos que alguns conhecem. No entanto, pode ter acontecido que os insurgentes tenham confundido um Antonov ucraniano com o Boeing abatido, pois são aeronaves grandes e não parece ser fácil distingi-los de terra. 
Pouca gente sabe mas há motivos para tanta injecção de ódio nas massas. Nada disto tem a ver com a luta pela liberdade, pela democracia e pelos direitos humanos. Só dois exemplos. Os Estados Unidos e a União Europeia sustentam de Israel o ultranacionalismo, chauvinismo, racismo, opressão e expulsão de um outro povo (palestino), têm uma boa relação, sobretudo económica, mas também militar e política, com a Arábia Saudita, que enforca homossexuais, discrimina as mulheres e financia terroristas. 
Quais os motivos, então, para tanta agressividade contra a Rússia? Simplesmente, a Rússia tem estado blindada contra o controlo da sua economia pelas grandes companhias ocidentais, não se submete aos seus interesses, a fim de defender, num quadro de competição capitalista internacional, as suas empresas, está na frente, através dos BRICS, da implementação de um novo e aparentemente competitivo sistema de financiamento e de crédito, autónomo das instituições FMI e Banco Mundial, controlados pelos Estados Unidos, pondo em causa o domínio do dólar, domínio crucial para a economia imperialista estadunidense. 

A Ucrânia Não Deve Ser Esquecida - Parem com a Violência do Governo Ucraniano

Dia D (D Day) - A Revisão da História

pelo Império dos Estados Unidos da América 

 

Um texto notável de Manuel Augusto Araújo no blogue Praça do Bocage, cuja republicação autoriza.
 
http://pracadobocage.wordpress.com/2014/06/09/o-poder-simbolico/

O PODER SIMBÓLICO


Pierre Bourdieu, no seu ensaio “O Poder Simbólico” (Difel,Memória e Sociedade, 1994), defende a tese “ O poder simbólico é esse poder invisível, o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhes estão sujeitos ou mesmo que o exercem. Poder quase mágico, que permite obter o equivalente daquilo que é obtido pela força (física ou económica), só se exerce se for reconhecido, quer dizer, ignorado como arbitrário.”
"Lembrei-me desta brilhante tese de Bourdieu ao ver as comemorações dos setenta anos do Dia D, o desembarque na Normandia das tropas dos EUA, Inglaterra e França Livre.
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De como esse dia é glorificado como sendo o dia que marcou a viragem na II Guerra Mundial e o princípio da viragem a favor dos aliados, URSS, Inglaterra, EUA, França, contra as forças do Eixo. É uma reversão da história da guerra que coloca os norte-americanos como os grandes salvadores d Europa da barbárie nazi. Apaga-se com uma monumental manobra de propaganda, dos meios de comunicação social aos estudos históricos e ao cinema, a verdadeira e factual história da II Guerra Mundial. Nisso os norte-americanos são mestres. A saga da conquista do Oeste é exemplar nas centenas de filmes em que glorificam os cowboys, acentuando o mito do justiceiro solitário, o triunfo do individualismo, o embrião do american way of life, transformando uma história de inomináveis brutalidades e arbitrariedades na mitologia dourada do Oeste Selvagem. Cormac McCarthy, baseado em factos históricos ocorridos na fronteira entre os EUA e o México, em meados do séc. XIX, desmonta e subverte essa cosmogonia ao narrar a violência que foi essa expansão, no romance “Meridiano de Sangue”
O Dia D, procura iludir que a derrota da Alemanha nazi estava em marcha depois das vitórias soviéticas em Estalinegrado (1943) e, sobretudo, Kursk (1943), a maior batalha de blindados de todo os tempos, com as maiores perdas aéreas num só dia de guerra.
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Enormes perdas de vidas humanas, de aparatos militares, de recursos económicos para os soviéticos, consequência dos sucessivos adiamentos da abertura de uma frente ocidental, muito reclamada por Estaline, acusando Churchill e Roosevelt de estarem a poupar vidas ocidentais às custas de vidas soviéticas. Hoje muitos historiadores põe em causa a influência do Dia D, no curso da guerra. Três quartos das forças nazis estavam na Frente Oriental, recuavam frente ao Exército Vermelho, quando, finalmente, em 6 de Julho de 1944, se invadiu a Normandia.
Essa entronização do Dia D, tem outros efeitos menos visíveis mas igualmente importantes. Atira para plano longínquo o facto de Hitler ascender ao poder político apoiado pelos grandes conglomerados industriais alemães, nomeadamente I.G.Farben, Thyssen, Krupps, todas largamente beneficiárias do trabalho escravo recrutado nos campos de concentração. Grupos económicos onde Rockfeller, Rothschild e outros tinham participações significativas. A I.G.Farben o gigante da indústria química da Alemanha era uma divisão da Standard Oil de Rockfeller. Esses magnatas norte-americanos financiaram de boa vontade Hitler.
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Não só esses foram fortes esteios da Alemanha nazi. Prescott Bush, avô de George Bush, um especulador financeiro de Wall Street que até esteve implicado num golpe militar contra Roosevelt em 1934 para impor um regime fascista nos EUA, foi um grande financiador do Partido Nazi, através do Union City Bank. Também será de lembrar que outro magnata norte-americano Henry Ford, também com investimentos não negligenciáveis na Alemanha nazi, fez o elogio do Ku Klux Klan do seu “genuíno “americanismo”. Muito admirado pêlos ideólogos nazis, Henry Ford, condenava a Revolução Bolchevique acusando-a de ser o produto de uma conspiração judaica. Fundou até uma revista, o Oearborn Independent, cujos artigos publicados foram reunidos em 1920 num único volume intitulado “O Judeu Internacional”. O livro transformou-se numa referência central do anti-semitismo internacional. Foi traduzido para alemão e adquiriu grande popularidade. Nazis destacados, como Von Schirach e Himmler reconheceram ter sido inspirados ou motivados por Ford. Segundo Himmler, o livro de Ford desempenhou um papel “decisivo” não só na sua formação pessoal, como também na do Führer. Os estrénuos campeões da liberdade e da democracia apoiaram e financiaram os nazis, bem depois de a guerra ter começado.
O Dia D, inventado e celebrado como o dia que decidiu a vitória dos aliados, estende um diáfano manto sobre esses factos históricos. Foi de facto importante. Foi sobretudo uma vitória dos EUA, do império norte-americano. A II Grande Guerra foi terminante  para que os EUA, que com a I Grande Guerra tinha alcançado uma época de prosperidade sem precedentes,  impusessem o seu poder no mundo.
Foi a II Guerra Mundial que possibilitou a crise financeira de 1929 se resolvesse. O New Deal de Roosevelt, iniciado em 1932, no pico da crise, introduziu uma forte intervenção do Estado na economia. Procurando regular os mercados e o funcionamento da Bolsa, impedindo investimentos especulativos e de alto risco. Impulsionando uma forte política de investimento na construção civil com um programa intenso de obras públicas, a New Deal começou em força, foi perdendo fulgor e estava a avançar muito devagar. A guerra resolveu os problemas dessa crise capitalista. Obrigou os governos a fazer encomendas gigantescas de aço, máquinas, peças, artefactos que mobilizaram toda a indústria. O problema do desemprego, há que o dizer com toda a brutalidade, resolveu-se com a mobilização de milhões de desempregados e com os milhões de seres humanos mortos nos campos de batalha
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e fora deles com bombardeamentos a alvos industriais e civis.Leia-seMatadouro Cinco de Kurt Vonnegut, soldado americano prisioneiro de guerra em Dresden, quando norte-americanos e ingleses bombardearam indiscriminada e desnecessariamente essa cidade, cercada pelo Exército Vermelho, à beira de se render. Um livro duro, duríssimo em que as descrições muito estilo Vonnegut são hilariantes sem permitir gargalhadas. Livro alvo de vários ataques da intelligentsia norte-americana que negaram até ser impossível, a brutalidade dessa realidade, agora também branqueada depois da queda do Muro de Berlim, em que só falta ressuscitar centenas de milhares de mortos.

O Dia D foi e é fundamental para o poder simbólico ocultar o poder real e efectivo como se conseguiu em Bretton Woods, instituindo os instrumentos de dominação financeira dos EUA. O BIRD, Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento que seria mais tarde dividido entre o Banco Mundial e o Banco para Investimentos Internacionais, e o Fundo Monetário Internacional (FMI). As principais disposições do sistema Bretton Woods foram a obrigação de cada país adoptar uma política monetária que mantivesse a taxa de câmbio de suas moedas dentro de um determinado valor indexado ao dólar, cujo valor, por sua vez, estaria ligado ao ouro numa base fixa de 35 dólares por onça troy. Dotar o FMI de financiamento para suportar dificuldades temporárias de pagamento. Na ausência de um mercado europeu forte para os bens e serviços estado-unidenses a economia dos EUA seria incapaz de sustentar a prosperidade que alcançara durante a guerra. Teoria claramente exposta por Bernard Baruch, financeiro, conselheiro de presidentes e congressistas, que sintetizou o espírito de Bretton Woods no início de 1945: “se eliminarmos o subsídio ao trabalho e à competição acirrada nos mercados exportadores, bem como prevenir a reconstrução de máquinas de guerra, que prosperidade a longo termo nós teremos.” Assim, os Estados Unidos usaram a sua posição dominante para restaurar uma economia mundial aberta, unificada sob controlo dos EUA, que deu aos EUA acesso ilimitado a mercados e matéria-prima.
Tudo se acentuou quando, em 1971, frente às pressões crescentes na procura global por ouro, depois da libra esterlina se ter afundado deixando de ser moeda de troca no comércio internacional, Richard Nixon, então presidente dos Estados Unidos, suspendeu unilateralmente o sistema de Bretton Woods, cancelando a conversibilidade directa do dólar em ouro O domínio passou a ser global, com uma moeda padrão no comércio internacional, o dólar. Com uma moeda a progressivamente ocupar o lugar do ouro nas reservas dos bancos centrais.
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Era só por a tipografia a imprimir a nota verde, como a até hoje e, perigosamente, o têm feito. Ficaram com as mãos ocupadas com a máquina de impressão e livres para manipularem a dívida externa, como o fizeram, reduzindo-a contabilisticamente de uma penada em 35%. Um forrobodó que tem feito os EUA viver à conta dos outros países e que só nos últimos anos está a ser posto em causa com a emergência de outros pólos económicos, com outros países a fazer as trocas comerciais em euros ou nas suas moedas nacionais, reduzindo a importância do dólar, o maior produto de exportação dos EUA. Cientes da sua fragilidade defendem com ameaças, canhões e propaganda o seu império, porque quem continuar a  exercer poder unipolar que tem na dólar  e na sua força militar o principal instrumento de dominação.

O Dia D tem pouco significado para o fim da guerra. Tem um enorme significado simbólico para os EUA. Sobretudo agora, quando são uma grande potência militar e uma potência económica em decadência. Um brutal perigo para a paz mundial como se tem observado nos últimos anos. O poder simbólico do Dia D, o modo como foi construído e mantido ao longo de setenta anos, ensina-nos a ver a importância da manipulação histórica e informativa na formação da opinião pública."

Obama Defende a Militarização da Europa em Defesa dos Valores do Ocidente Face à Ameaça de Yekaterina Gubareva

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Yekaterina Gubareva, foreign minister and first lady of the “Donetsk People’s Republic”

 

Comemorando em público a visita de Obama a países de Leste, um comentador notório de o publico.pt, soltou hoje o seguinte palavreado épico:

Estamos com os nossos aliados, na defesa do nosso modo de vida, sem medo de quaisquer inimigos que queiram por em causa as nossas liberdades e a nossa democracia.

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Mas eu pergunto. Que outro modo de vida, que outras liberdades, que outra democracia são opostos aos nossos? Os poderosos da Europa de Leste apenas nos estão a tentar imitar, com excessos de capitalismo à solta e de maneira ainda tosca. Os dos islâmicos?
Mas não são os Estados Unidos, referência dos valores sublimes do Ocidente, que sustentam ambiguamente o fundamentalismo islâmico e promovem com a sua política de desestabilização e de dividir para reinar governos tirânicos, oligárquicos, corruptos e guerras directas, por conta de outrem e fratricidas, não são os Estados Unidos, dizia, a conduzirem essa área do globo para a regressão civilizacional?
Estamos mais próximos do reino da Arábia Saudita, das belas democracias turcas e mexicanas do que da Rússia, ódio de estimação conveniente para as nossas bandas deste que na Idade Média Alexandre Neviski derrotou as invasões suecas, bálticas e alemãs?

 

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Estamos mais perto – nós os cosmopolitas, ideólogos globalizadores do capitalismo – de reconhecer as aspirações de independência da Catalunha, do País Basco, da Córsega, da Escócia, se os povos assim decidirem, do que de reconhecer – e que direitos temos nós de nos reservarmos esse reconhecimento? – a cessação da Crimeia e a independência do Leste da Ucrânia?

 

 

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Estamos mais perto de políticos e de outras personagens que representaram o nosso modo de vida, liberdades e democracia como Nixon, Hitler, Pinochet, Passos Coelho, Tujman, Blair, teocratas do Vaticano, oligarcas dos Estados Unidos e do México, do que de Pedro o Grande, de Catarina II da Rússia, Lenine, Putin? Ressalvemos as diferenças de grandeza em cada uma das listas, mas qual será a diferença de qualidade?

 


A Ordem Natural das Coisas - Henrique Raposo e os Comunistas

 

 
"A ordem natural das coisas" (Henrique Raposo) é a maneira como as coisas devem existir porque existem e se existem é porque é da natureza das coisas existirem assim ou deverem existir assim porque é assim que as coisas devem existir. 
Era desta maneira que Aristóteles (de resto muito acima do acéfalo Raposo, pelo qual já passou a teoria da evolução sem muito proveito - será que a existência de Raposo falsifica Darwin e repõe Aristóteles no ambiente jornalístico dominante na actualidade?), era assim dizia, que Aristóteles pensava há mais de dois mil anos. 
Para infelicidade de Aristóteles, e de Raposo, o mundo dele só tinha que ser assim até ter deixado de ser assim, só era a ordem natural das coisas enquanto as coisas não deixaram de ser a sua ordem natural e terem desaparecido para sempre tal como eram. O esclavagismo morreu como sistema sócio-económico e, dessa maneira, Raposo já não pode ser o escravo dócil de algum senhor dono de uma mina de prata, para infelicidade de Raposo e nossa. 
Veio a Idade Média e os escravistas tornaram-se senhor feudais, senhores de servos, de terras, de reinos e das guerras. Também São Tomás de Aquino viu nisso a ordem natural das coisas e tão assim que via com algum incómodo o surgimento de uma classe poderosa e empreendedora apoiada pelos judeus usuários, mas, pasme-se vindo do teórico principal da Igreja, foi suficientemente traidor à ordem natural das coisas quando teve a ideia conciliadora de que a usura, como novidade na sua força, até pode entrar no sistema, para financiar a guerra, os reis e os papas, se não for suficientemente forte para se transformar numa forma de acumulação tal que mudaria por completo a ordem natural das coisas tal como Tomás, como emissário de Deus, exigia que assim fosse.
Mas, como sempre, o material tem sempre razão e aquela ordem natural das coisas foi deposta por uma nova ordem natural das coisas - aquela onde Raposo vive, da qual Raposo vive e tira os seus rendimentos a proclamar a eternidade da sua ordem natural das coisas com a qual vive mesmerizado. 
É por isso que Raposo acha um escândalo ontológico que a ordem natural das coisas possa ser insuficientemente ordenada ao ponto de permitir o facto anti-natural da existência no seu seio da peçonha dos comunistas, que deveriam ser banidos, talvez mediante uma alteração civilizada e burguesa do sistema eleitoral, talvez mediante uma campanha eficiente, e também humanitariamente burguesa, sobre a maldade inerente à condição comunista, ou talvez através do seu extermínio higiénico necessário ao bom funcionamento do estado natural das coisas no melhor dos mundos possíveis tal como Leibniz, o teria definido, embora Leibniz não tenha tido qualquer influência ideológica sobre o Reino dos Mil Anos de Hitler. 
 
 
Mas talvez os comunistas, à semelhança dos judeus usuários que derrubaram o feudalismo por dentro das contradições da ordem natural das coisas, contribuam também para que a nossa ordem natural das coisas passe a ser uma desordem das coisas antinaturais quando o seu tempo tiver passado, quando as Horas já não conseguirem guiar o Carro do Sol que ilumina a vida que sobreviveu à selecção natural e enche os bolsos de Raposo. É por isso que Henrique Raposo não quer que os comunistas façam parte da ordem natural das coisas de que ele tanto gosta.

O PCP é a nossa Le Pen

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  18:00 Quarta feira, 28 de maio de 2014
Num país que tem um dos partidos mais extremistas da Europa (PCP), é sempre engraçado assistir às súbitas indignações em relação à extrema-direita europeia. Sim senhora, a extrema-direita é perigosa, mas convém não esquecer que Portugal respira a peçonha da extrema-esquerda. O "extremismo" está no centro da nossa vida política. Portanto, se querem entrar no mercado da indignação, indignem-se com as posições diárias do PCP, porque a extrema-esquerda não faz parte da ordem natural das coisas, a extrema-esquerda não tem de fazer parte da mobília, a extrema-esquerda não é aquela tia velhinha que temos de respeitar mesmo quando passa o jantar a dizer palavrões. Se Le Pen é nacionalista, o PCP também é. 

 
 

 

Há uma coisa que gostaria de saber: por que não se comemora o Dia da Vitória contra o Nazi-fascismo por estas bandas? Neste dia de 1945, nas grandes cidades da Europa Ocidental e nos Estados Unidos houve grandes celebrações. Mas parece que só agora a Rússia (com alguns países vizinhos) o comemora. Que estranho, para um dos mais importantes dias da História da Humanidade. Deixa-me a pensar certas coisas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Também na Ucrânia se festejou, apesar do governo